Gabrielle Barbosa viralizou na internet ao contar sua história em um vídeo que já tem mais de cinco milhões de visualizações.
Em conversa com Caderno de Moda, a jovem fala de como tem sido sua readaptação desde a cirurgia e o impacto das redes sociais: ‘Tem até gente de outro país sabendo do meu caso’
A história de Gabrielle Barbosa, de 20 anos, viralizou nesta semana na internet. Em vídeo com mais de cinco milhões de visualizações, ela relata que teve seus pés e mãos amputados após a descoberta de uma infecção urinária. “Não gosto de ficar questionando o porquê de ter acontecido isso”, diz, em entrevista com Caderno de Moda.
Dentre quatro meses, a jovem viu sua vida mudar radicalmente. “Tive a primeira infecção urinária em dezembro de 2022. Fui ao hospital na época, tomei um medicamento de dose única, mas como nunca tinha ficado doente, busquei outra médica em janeiro para fazer um novo exame. Ela falou que estava tudo bem.”
Gabriella só vivenciou outra dor em março. “Estava trabalhando e senti uma dor no rim muito forte. Nunca tinha sentido essa dor. Aí fui direto para o hospital. Cheguei lá, trataram como cólica renal, me colocaram no soro e fiz novos exames.”
No próximo dia, Gabrielle retornou para buscar os resultados, só que já “estava muito fraca, vomitando e desmaiando”. Mais um atendimento médico aconteceu e ela foi mandada para sua residência: “Só que não deu tempo nem de tomar antibiótico, porque desmaiei em casa”. Sua mãe então acionou o Samu.
“Eles vieram e não conseguiram achar minha pressão, só que eu estava consciente. Enquanto tudo acontecia, achava que as coisas estavam bem comigo”. Moradora de Franca, Gabrielle teve que voltar ao hospital, já que não havia vaga na Santa Casa da cidade. Lá, ela ficou num corredor onde montaram uma “salinha” parecida com “uma mini UTI” somente para Gabrielle. A vaga na Santa Casa surgiu apenas às 7 da manhã do dia seguinte.
A jovem “conversava com os médicos e já desmaiava”. “Eles tentaram fazer várias coisas comigo e eu não reagia a nada. Foi quando eles conversaram com minha mãe. Teriam que fazer uma intubação”, explica. Logo depois de ser entubada, a jovem teve duas paradas cardíacas, uma de dez minutos e outra de cinco.
“Os médicos falaram para a minha mãe que o meu estado era muito grave, por conta das paradas, isso poderia afetar o meu cérebro. Usaram muita noradrenalina para eu voltar e vários medicamento para a pressão estabilizar. Só que meu rim parou”. Depois disso, a família de Gabi esperava pelo pior, mas, sua situação começou a melhorar, seu rim e pressão estabilizaram. No sexto dia de coma, ela acordou.
‘Olhei para a minha mão e já vi que teria que amputar’
As enfermeiras do hospital a ajudaram a tomar banho e Gabrielle percebeu que seus braços estavam enfaixados. “Na hora que elas começaram a desenfaixar, olhei para a minha mão e já vi que teria que amputar. Porque estava numa situação muito feia, estava tudo necrosado mesmo. Demoraram muito para me contar da amputação, só que eu já sabia.”
A paulistana relata que “havia aceitado quando viu a situação de sua mão”, porém seu pé também estava enfaixado: “Falei: ‘Ah, eu vi como a minha mão está, precisaria ‘cortar’, né?’ Então nem queria ver o pé não, porque já imaginava o que aconteceria também.”
As cirurgias aconteceram no mês seguinte, nos dias 18 e 19 de abril. Gabrielle diz que não teve medo, pois “não tinha muito o que fazer”: “Fiquei apenas um pouco triste no trabalho que daria à minha mãe. Ela tem problema no pulmão e não conseguiria ficar me pegando. Tanto que não queria sair do hospital. Fiquei enrolando o máximo possível. Além de estar gostando do carinho e tudo que eles fizeram por mim, não queria trazer problema para casa. Antes eu que sustentava.”
Quanto a sua readaptação depois da amputação, Gabi conta que tem muita coisa que ainda não consegue fazer: “Eu consigo comer sozinha, sentar, virar. Eu tô fazendo fisioterapia, então já estou aprendendo mais coisas.”
Gabrielle compartilhou o vídeo sobre sua história encorajada por amigos. Desde então, já acumulou mais de 200 mil seguidores no Instagram. Seu objetivo é levantar fundos para a “vaquinha” online que está fazendo para arcar com os custos das quatro próteses. Até o momento do fechamento desta matéria, foram arrecadados R$ 222 mil.“A meta é R$520 mil porque eu consegui um desconto muito bom. Cada mão em outras clínicas costuma ser R$ 450 mil cada. Falta só 10 dias para a vaquinha acabar, então não foi nem metade ainda”, observa ela, que não desanima: “Acho que tudo tem uma explicação. Mas não procuro por ela, tudo vem no tempo certo.”
Para o futuro, ela espera continuar investindo em suas redes sociais e tem um sonho: o de viajar o mundo.
“Desde os 14 anos sempre tive muita vontade de ser influencer. Só que tinha muita vergonha. O primeiro vídeo que gravei, chorei de nervoso. Até brinquei que hoje em dia tive que expor a minha vida de uma forma que tem até gente de outro país sabendo da minha história. E antes eu tinha vergonha de expor para a minha cidade.”
“Meu sonho também desde criança é viajar o mundo inteiro. Depois que aconteceu isso comigo, vi o tanto que a vida é valiosa, né? Acho que todo mundo deveria passar por essa vida para fazer tudo que tem vontade”, finaliza.