No mesmo dia em que Jayme Matarazzo atendeu a ligação para dar início a esta entrevista, o ator já havia perdido as contas de quantas vezes ouviu o clássico dos Beatles, “Yellow Submarine”. A música, com certeza, é especial por si só, mas o motivo para ele dividir esse momento foi a sua companhia, o Antonio, seu filho de 1 ano. Fruto do relacionamento com a empreendedora Luiza Tellechea, o pequeno já mostra um interesse pela música, universo que acompanha a família desde a cantora Maysa, mãe do diretor Jayme Monjardim, avó de Jayme Matarazzo e bisavó de Antonio.
Para o ator, o elo entre as gerações é passado por meio da educação dada ao filho. “Pegamos o que fomos ensinados, passando por um filtro do que é o mundo de hoje, para estar atento a todas as transformações da sociedade”, diz Matarazzo. Neste cenário contemporâneo com tantos estímulos, por exemplo, ele e Luiza olham com cautela para o bombardeio de informações que o filho pode ser exposto. “O Antônio é uma criança muito alegre, inteligente e que nasceu em uma geração em que tudo é veloz. Por isso controlamos o acesso do que é passado a ele”, reflete Jayme.
Os diálogos entre o casal a fim de encontrar a melhor forma de educar o filho passam por sentimentos, como confiança, admiração e respeito. “Quando passamos a ver a vida não só pelo nosso olhar, é bom demais”, afirma o ator, que também reconhece que não é simples essa troca diária na parentalidade.
O entendimento com a chegada do filho também impactou no modo de Jayma se relacionar com o tempo. Desde respeitar o prazo para cada acontecimento ser maturado até a sua organização. “Tive medo de sair de casa e perder os momentos, mas consegui estar presente dentro de casa ao lado da minha esposa desde o primeiro dia de gravidez”, explica o ator sobre a rotina que conseguiu estabelecer, mesmo com as gravações da novela “Além da Ilusão”, que encerra na próxima sexta-feira (19.08).
A volta para as novelas depois de um hiato de dois anos teve um gosto especial para Jayme, que já estava acostumado com o ritmo intenso da teledramaturgia. O tempo longe das câmeras aguçou reflexões e trouxe novos ares para esse retorno. “Precisava de um respiro pra dar espaço para transformar e enxergar novas coisas para ter novas cores. A novela foi um presente do começo até o fim”, aponta o ator, lembrando também do clima leve e da entrega da equipe.
Mais do que interpretar uns dos grandes conflitos da novela, um padre que passa a descobrir uma forma de amor e abandona a missão religiosa desse ofício, Jayme celebra a mensagem que Tenório o deixou. “Ele surgiu falando sobre a fé, depois descobriu o amor, brigou por justiça e, por isso, chegou a perder sua liberdade. A cada bloco de roteiro, tinha uma descoberta de caminhos fortes”, lembra orgulhoso da trajetória do personagem.
Para os próximos capítulos da sua carreira, o ator afirma que novos projetos devem chegar em 2023. Sem entregar do que se trata, a ideia dele é explorar formatos diferentes no audiovisual para unir sua paixão pela fotografia e direção.