Um caso chocante de violação dos direitos humanos veio à tona em Goiás, onde uma menina de 13 anos, vítima de estupro, está sendo impedida pela Justiça de realizar um aborto legal. A gestação, resultado de um estupro, foi interrompida pela decisão judicial, que determinou a manutenção da gravidez até a 30ª semana. A situação destaca a complexidade e a sensibilidade dos direitos reprodutivos no Brasil.
O Caso
De acordo com o Intercept Brasil, a menina, grávida de 28 semanas, optou pela interrupção da gravidez quando estava na 18ª semana. Enfrentando a demora no acesso ao procedimento legal, ela cogitou realizar o aborto por conta própria. A Justiça foi acionada pelo pai da menina, que também pediu para adiar o aborto até a 30ª semana, recebendo apoio de advogados, uma freira e um padre.
Detalhes Jurídicos
A juíza Maria do Socorro de Sousa Afonso e Silva inicialmente autorizou a interrupção da gravidez, desde que fosse possível salvar a vida do feto. Contudo, a desembargadora Doraci Lamar Rosa da Silva Andrade aceitou o pedido do pai em segunda instância, suspendendo o aborto e afirmando que não existiam laudos comprovando risco de vida para a menina.
Contexto Legal
No Brasil, o aborto é permitido em casos de estupro, risco de vida para a gestante e anencefalia do feto. O caso gerou grande repercussão, especialmente com a tramitação do PL 1904/24, que equipara o aborto após a 22ª semana a homicídio, impactando gravemente vítimas de estupro.
Ação do Ministério Público e Defensoria Pública
O Ministério Público, a Defensoria Pública e o Conselho Tutelar têm a responsabilidade de representar a vítima, buscando garantir seu acesso ao aborto legal. No entanto, a juíza impediu o uso do método de assistolia fetal, recomendado pela OMS para interrupção segura de gravidez avançada.
Histórico de Decisões Controversas
Em 2022, a mesma juíza impediu que uma menina de 11 anos, vítima de estupro pelo padrasto, realizasse um aborto legal. Apesar do consentimento da mãe e da menina, a juíza reverteu a decisão após intervenção do pai e influência religiosa.
Mobilização Social
A mobilização popular tem sido intensa, com manifestações contra decisões judiciais que impedem o acesso ao aborto legal. A pressão levou à retirada temporária do PL 1904/24 da pauta da Câmara, mas há previsão de retomada no segundo semestre deste ano.
O caso de Goiás evidencia a necessidade urgente de proteger os direitos reprodutivos das mulheres e meninas no Brasil. A justiça precisa garantir o acesso ao aborto legal, especialmente em casos de violência sexual, e respeitar os direitos humanos fundamentais.