O universo dos games já foi considerado um dos ambientes mais misóginos para as mulheres. De acordo com uma pesquisa feita pela Lenovo em 2021, 59% das jogadoras admitiram que costumam esconder seu gênero durante os jogos para evitar assédio ou comportamentos inapropriados. Apesar disso, a comunidade feminina segue crescendo. Em um estudo, a Game Brasil 2021 revelou que 51,5% dos jogadores no Brasil são mulheres.
Para seguir encorajando talentos que se identificam com o gênero feminino ou não-binário, surgiu a iniciativa WIBR (Women in Brazil), criado pela MIBR (Made in Brazil), equipe brasileira de eSports. O intuito é mostrar que o ecossistema dos games é para todos, inclusive quando o assunto é carreiras e oportunidades de trabalho.
“Nós nascemos e crescemos ouvindo que game é coisa de menino. Isso é uma crença cultural que precisamos mudar. O WIBR chega para ajudar nessa mudança. Queremos mais meninas olhando para esse universo como uma possibilidade de carreira e as empresas olhando para as meninas como grandes ativos para trabalharem nessa área”, destaca a CEO da organização, Roberta Coelho.
A ideia surgiu a partir da pergunta: “Você já sentiu vontade de trabalhar no mundo dos games, mas nunca teve coragem de se candidatar a uma vaga por ser mulher e não se sentir pertencente a esse universo?”.
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Quando se pensa em mulheres e jogos, logo o termo ‘streamer’ vem à cabeça. Mesmo que essa seja uma possibilidade, já que as mulheres representam 35% da base de streamers na Twitch, existem outras vertentes possíveis, mas ainda pouco divulgadas, como trabalhar com games no marketing, financeiro, comercial, jurídico e desenvolvendo jogos.
Com apoio de grandes marcas e empresas como Bybit, Itaú, Senac, 1xBet, Riot Games, Ubisoft, Grupo Globo, Gamers Club, Gaules, Omelete e mais, as mulheres serão prioridade em novas vagas relacionadas ao universo dos games.
Para participar, basta fazer inscrição na plataforma de forma gratuita pelo site wibr.com.br. Muitos campos são de preenchimento opcional, onde a candidata só preenche caso se sinta confortável. Entre os campos estão, Nome, escolaridade, idioma, estado, área de atuação e jogo/cenário preferido. O site ainda contempla a possibilidade de indicação de canais da Twitch de streamers mulheres oferecendo uma visibilidade extra, principalmente para as pequenas.
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Roberta Coelho destaca que a meta é ampliar a presença do talento feminino no cenário de games e eSports como um todo e, até o final do ano, espera cerca de 8 mil inscrições por todo o Brasil. “Até o WIBR surgir, times e marcas buscavam mulheres com interesse em games e esports dentro de redes sociais como Twitter, de forma não profissional e a mercê de julgamentos, filtros e preconceitos. O WIBR chega para criar uma rede de conexão e impulsionar carreiras femininas neste ambiente dos games que cresce muito e já supera a indústria cinematográfica e fonográfica juntas”, destaca.
“Queremos ajudar os talentos que se identificam com o gênero feminino e sonham trabalhar nesse mundo, mas não sabem como. É um universo com muitas oportunidades e as mulheres não podem, nem devem, ficar fora dele”, finaliza Roberta.