A bordo de um vestido curto Reinaldo Lourenço e sapatos pink Balenciaga, Rafa começou abrindo um pouco dos bastidores de “Rensga Hits”, entregando tudo que deu de si para interpretar Paloma na estreia como atriz e como recebeu as primeiras reações. Depois, tocou sem papas na língua sobre a relação com a própria imagem, sobre como vê machismo na repercussão de sua forma física e os desafios da jornada na carreira profissional sob os olhos de mais de 23 milhões de seguidores. Confira os destaques da conversa na sequência!SOBRE “RENSGA
“Eu não gosto de me assistir. Me julgo muito. Quando o primeiro episódio de “Rensga Hits” foi ao ar, estava em um evento em Salvador. Não sabia que já apareceria nele e as pessoas começaram a me elogiar. Então, preparei um evento em casa, com telão e o elenco para assistirmos. O Zé [Loreto] estava comigo. Assisti atrás dele, meio com vergonha, sabe? Ele me dizia para parar de ser boba. Mas amei o resultado”, relembrou. “A série fala muito da união feminina e, nos bastidores, tivemos muito deste lugar. As mulheres se ajudaram muito, eu me senti muito acolhida. Eu cresci anos de estudo podendo usufruir do conhecimento de todas que estavam ali, através da forma pela qual fui abraçada”, narrou entre outras lembranças do trabalho, inclusive da atuação direta nos detalhes e figurinos da personagem.
Resgatou também o trabalho na preparação de elenco. “Os atores eram nomes muito grandes. Estava nervosa na preparação e mandei a real: ‘estou insegura’. Você é muito corajoso quando se mostra vulnerável. A Renata Sorrah me disse que, até hoje, quando ouve ‘ação’ na hora de gravar ou na hora de entrar em uma peça de teatro, tem medo. Precisa respeitar o processo. Apresentar o ‘Casa Kalimann’ e participar do ‘BBB’ já foi muito desafiador. Quando chegou o ‘Rensga’, foi leve, me diverti fazendo. Estava na minha cultura, na minha terra”, disse com orgulho.O IMPACTO DO MACHISMO
Durante a conversa, ela tocou também nas leituras que faz da repercussão em torno de sua forma física, e como o processo de autoaceitação faz parte da maneira pela qual encara comportamentos negativos. Sobre o link com facetas da cultura onde cresceu, ela relembrou episódio recente de impacto que evidencia o cruzamento entre os assuntos. “Eu estava em um evento no universo onde cresci, que vou desde criança. Tinha 60 mil pessoas, todo mundo me conhece porque frequento há anos. O locutor foi falar de mim e começou a falar do meu corpo, de cima do palco, no microfone. Eu no camarote, sem ter microfone. Ele falava ‘você está muito magra, aqui a gente gosta de mulher encorpada, coxuda'”, revisitou.
“Entendo como isso está fomentado no machismo, no estereótipo. Eu ouvi aquilo e meu choro ficou engasgado. Eu falava ‘estou bem, estou bem’, a câmera na minha cara, num telão gigante. Fiquei engasgada com aquilo, por que que aquele choro estava ali, por que aquilo me agredia como mulher? Eu me senti invadida, exposta, calada… mas por que, se estou bem comigo? Eu fui embora, ele chegou a falar outras coisas, entendeu o que aconteceu ali, tentou remediar… não é só sobre ele. Eu olhei em volta e percebi como todas aquelas mulheres que estavam ali são vítimas deste mesmo machismo. Eu vejo amigas que querem usar uma roupa e deixam de usar porque o marido prefere de outro jeito, ou que recebem essa mesma cobrança, que tem que ter pernão, bundão. Meu choro ficou engasgado porque eu queria ter falado, queria dito na hora: ‘para!’. Naquele ambiente, isso passou em branco, mas tenho certeza quem em outro, teria repercutido”, refletiu.
EMPODERAMENTO FEMININO E COLETIVO
O papo também tocou em empoderamento feminino, e Rafa fez questão de ressaltar a importância da multiplicidade de vozes nessa conversa. “Crescemos sendo incentivadas a competir, a nos comparar, umas com as outras. Mesmo que seja dentro da família, com a avó, com a irmã. Com minha irmã, sempre tivemos um “efeito sanfona” ao contrário: quando eu emagrecia, ela engordava, ou vice-versa. A gente fala disso até hoje, nunca pegou pra gente, mas era como se impusessem a nós uma certa competição. Hoje, o fato de estarmos numa roda, falando uma com a outra sem julgamento, já mostra um caminho evolutivo porque estamos tendo acesso a informação e ao ouvir as experiências das outras também. Abrimos o Instagram e vemos inúmeros debates e desabafos, ouve em podcast… essa é uma luta coletiva, se dermos as mãos, conseguimos nos expandir mais. Quanto mais a gente se olha, mais a gente quebra padrões, preconceitos, limitações.”
VIDA E CARREIRA DIGITAIS
Ao discorrer sobre como enxerga os desafios do mundo digital de forma intensa, com mais de 23 milhões de seguidores, Rafa contou aprendizados. “O que eu falo acaba me conectando com meu público. Fiquei mais desinibida – o ‘Big Brother Brasil’ te obriga, com 200 câmeras em cima de você”, brinca. “Mas a minha comunicação ficou mais solta, parece que produzir conteúdo diário me deixa ativa, sempre aquecida para falar. O digital me fortaleceu. A experiência do ‘BBB’ foi muito forte, mas eu sempre fui muito curiosa para entender de gente. Quando estamos no lugar da comunicação, estamos falando de gente, me colocar no lugar de outra pessoa, sem julgamento. Eu venho de três anos de muita preparação, com fono, de teatro, de muita leitura, algo que não era tão habituada… me deu uma bagagem muito grande. Chegavam pilhas de livro em casa e meu empresário falava: ‘leia’. Cada vez que dava uma nova entrevista, pensava na diferença sobre ter bagagem de leitura, de conhecimento”, disse.
SEGURANÇA NO ESTILO
Fashionista de primeira, Rafa se divertiu ao lembrar do look escolhido nos últimos dias que acabou viralizando nas redes sociais. Qual? O novo modelo Nike Shox, parceria com a estilista Martine Rose, que faz releitura em modelo mule.
“Falaram que ficou estranho, só que eu amei. O tênis acabou de chegar no Brasil, a gente pegou uma referência gringa. Ao mesmo tempo pensei ‘nossa, a galera vai me matar'”, revisitou entre risos. A segurança das escolhas também se refletiu, por exemplo, na escolha para o look de hoje. “Não penso tanto no que eu vou colocar, o que vão achar… hoje, eu estou me sentindo muito f*dona, né? Eu coloco um vestido, como esse vestido rosa, passo a amar na hora. Estava esperando uma oportunidade para usar, e não vinha!”, confessou entre risos. Hoje veio, e com a gente!