Há muitas questões que surgem sobre a saúda feminina durante a gestação, e até mesmo o ritual de cuidado com a pele deve ser adaptado durante essa fase da vida para garantir a segurança do bebê. “Determinadas substâncias presentes em tratamentos e produtos de beleza podem prejudicar a saúde do feto”, explica Viviane Monteiro, ginecologista especializada em medicina fetal e saúde da mulher. “Alguns ativos são absorvidos pela pele e vão para a corrente sanguínea, por isso existem restrições na gravidez e a gestante deve ter uma rotina de skincare adaptada para evitar esses ingredientes nocivos. É imprescindível durante esse momento consultar o médico para ter certeza do que pode ou não ser usado.”
O dermatologista Alessandro Alarcão, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia, explica que, após descobrir a gravidez, a mulher deve comunicar seu dermatologista para uma avaliação. “O médico vai orientar sobre quais adaptações precisam ser feitas na rotina de skincare para evitar cosméticos que ofereçam riscos ao bebê. Além disso, é provável que a gestante enfrente mudanças na pele durante o período e ela precisa saber quais ativos são permitidos no tratamento de acnes e manchas, por exemplo, que são algumas das alterações comuns durante a gestação.”
Olhar o rótulo de todos os cosméticos antes de aplicá-los deve ser parte da rotina durante a gestação. “O uso de substâncias contraindicadas para grávidas pode resultar em anomalias congênitas, que são alterações na estrutura ou função do feto. Mesmo que nem sempre tenhamos uma comprovação científica tão clara, preferimos evitar certos produtos na gravidez”, complementa Marcella Alves, dermatologista da Clínica Les Peaux.
Alessandro lista algumas consequências do uso de ativos contraindicados: “A Ureia acima de 3% pode diminuir a circulação útero-placentária, os retinoicos e seus derivados podem causar má formação do feto. Por isso, é importante ter o acompanhamento de um dermatologista”. Vale lembrar que quase todos os procedimentos estéticos também devem ser evitados na gestação, principalmente os invasivos.
Há uma lista longa de ingredientes contraindicados para grávidas que são encontrados na composição de tônicos, hidratantes, filtros solar e géis de limpeza. Alguns mais comuns são: tretinoina; ácido salicílico; eritromicina estolato; hidroquinona; adapaleno; isotretinoina; protetor solar com metoxicinamato de octila; ureia; cânfora; produtos que contenham parabeno como conservante. Embora facilmente encontrados nas prateleiras de farmácias, cosméticos com esses ativos devem passar longe quando o assunto é cuidar da pele de grávidas.
Apesar da extensa contraindicação, gestantes podem recorrer à produtos clean beauty e com composição natural – mas é imprescindível perguntar ao dermatologista antes de usar. “Apesar de liberados, é importante ficar atenta sobre onde passar e quais as concentrações. Não é porque é natural que pode usar indiscriminadamente utilizado”, explica Alessandro. O dermatologista lista alguns ativos permitidos. “O ácido glicólico, o azelaico, a vitamina C e alguns protetores solar são permitidos na gravidez e vão ajudar a tratar as mudanças na pele comuns na gravidez.”
Com as flutuações hormonais comuns da gestação e também as transformações no corpo à medida que o bebê começa a crescer, ocorrem também mudanças na pele. Entre as mais comuns, estão espinhas, hiperpigmentação de áreas do corpo, melasma, estrias e celulites. Após o nascimento, algumas delas tendem a regredir. Em conjunto com o dermatologista, é possível encontrar alternativas seguras de tratamento para elas elas durante a gravidez.