Durante muito tempo, os nutricionistas recomendavam o padrão de três refeições por dia, intercaladas por três lanches. No entanto, nos últimos anos, novas dietas sugeriram que comer com menos frequência pode ser melhor. Uma dessas abordagens é o jejum intermitente, no qual os adeptos passam de 12 a 16 horas, ou até mais, sem comer nada.
Vários estudos epidemiológicos indicaram que aumentar a frequência das refeições pode melhorar os níveis de lipídios no sangue e reduzir o risco de doenças cardíacas. Como resultado, muitos especialistas desaconselham comer várias vezes ao dia.
Em relação à perda de peso, uma pesquisa comparou a ingestão de três refeições grandes por dia com seis refeições menores, analisando a gordura corporal e a sensação de fome relatada pelos participantes. Ambos os grupos receberam a mesma quantidade de calorias para manter o peso corporal, com a mesma distribuição de macronutrientes.
Os pesquisadores não encontraram diferença na perda de gordura corporal entre os dois grupos. No entanto, aqueles que consumiram seis refeições menores relataram maior sensação de fome do que os do grupo das três refeições. Os cientistas sugerem que os voluntários do primeiro grupo podem ter maior probabilidade de consumir mais calorias diárias do que aqueles que comem com menos frequência.
Existe um padrão universal para todas as pessoas?
De acordo com o nutrólogo e endocrinologista Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) e coautor do livro “Obeso Acolhido”, não há um padrão alimentar universal.
“Historicamente, sempre foi recomendado o fracionamento de quatro a seis refeições por dia. No entanto, estudos recentes estão mostrando que ficar algumas horas a mais sem comer pode desencadear reações metabólicas interessantes em nosso organismo”, afirma o nutrólogo.
As refeições fracionadas, segundo o médico, são benéficas para crianças, diabéticos tipo 1, pacientes com hipoglicemia reativa, entre outros. No entanto, para a maioria das pessoas, essa regra não necessariamente se aplica.
“Na medicina, temos uma frase que diz ‘a clínica é soberana’. Algumas pessoas se sentem muito bem usando o modelo referencial de três refeições por dia, enquanto outras se sentem melhor com quatro a seis refeições. Portanto, a decisão é individualizada”, destaca Ribas Filho.
Frequentemente, as pessoas se adaptam às refeições conforme sua agenda permite. “Devido a compromissos pessoais e profissionais, é comum as pessoas terem três refeições por dia. O jantar geralmente tem maior teor calórico, mas os estudos mostram que, teoricamente, deveríamos comer menos à noite em comparação com o almoço e o café da manhã”, observa o nutrólogo.
Para o médico, quando o objetivo é perder peso, o critério mais importante é uma restrição calórica moderada, e nesse sentido o jejum intermitente tem suas vantagens.
“O que leva uma pessoa a emagrecer é ingerir menos calorias do que gastar. Diante disso, o jejum intermitente demonstrou favorecer a redução do peso corporal em comparação com o padrão alimentar convencional”, conclui ele.