A necessidade de usar sutiã todos os dias parou de ser um problema para a escritora norte-americana Mary Madigan. Ao New York Post, a autora escreveu sobre a sensação de liberdade e conforto que passou a sentir depois de abandonar a peça de vez. No entanto, Mary também reflete sobre a pressão que mulheres sentem para se vestir de maneira vista como “profissional” ou “respeitosa”.
Mary começa seu desabafo dizendo que tem pensado muito sobre os próprios seios e o uso de sutiã. Isso começou, principalmente, depois de ver fotos de famosas como Florence Pugh e Olivia Wilde renunciando a peça ao posarem em tapetes vermelhos. Então, a escritora chegou à conclusão de que está cansada de se vestir pensando em não atrair julgamento e a atenção indesejada dos olhares dos homens.
“Eu só quero me vestir para mim mesma como os homens fazem todos os dias. Sutiãs são desconfortáveis. A primeira coisa que faço quando chego em casa é me libertar dele, relaxar e finalmente me sentir confortável. Frequentemente, meu sutiã deixa marcas vermelhas severas na minha pele porque está enterrado em mim o dia todo (eu estou usando o tamanho certo, sutiãs só são horríveis”, relata a mulher.
A escritora continua a afirmar que, quando usava sutiã diariamente, sempre sentia a necessidade de recolocar os seios no lugar, ajustar a peça para não pinicar a pele ou mesmo combiná-la com fitas adesivas. “Eu realmente entendo porque as mulheres decidiram parar de usar corsets porque elas não conseguiam respirar com eles”, diz. Em seguida, ela afirma que também pretende abolir o uso de salto alto.
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Mary reconhece que nem sempre tem coragem de sair de casa sem um sutiã, mas que parou de se forçar a usá-lo todos os dias. “Me sinto mais confortável, e não houve nenhuma repercussão negativa até o momento. No entanto, eu preciso falar do meu privilégio: eu trabalho em um escritório muito liberal , compreensivo e casual”.
A escritora afirma que pode parecer bobo pensar no assunto em primeiro momento, mas que a sensação de obrigatoriedade de se usar um sutiã faz parte de uma conversa muito mais ampla.
“Por mais que as empresas não possam mais, legalmente, estabelecer dress codes diferentes para homens e mulheres, existem normas sociais inconscientes, certo? Recentemente uma mulher disse em um jornal em Sydney [na Austrália] que dois colegas de trabalho reclamaram que ela não estava usando sutiã e que, supostamente, isso os deixou ‘desconfortáveis'”.
Mary cita outro caso como exemplo. “Em 2021, a ABC teve acesso a gravações que orientavam uma mulher que trabalhava em uma empresa de construção para se vestir de forma ‘menos provocativa’ para desencorajar assédio sexual”.
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“A mensagem que as mulheres recebem é sempre para se vestirem de uma determinada maneira para serem levadas a sério. Isso explica o tanto de roupas de baixo que usei para, de alguma forma, mostrar que levo meu trabalho a sério ou que eu me respeito. Dress codes não são mais encorajados, mas as normas permanecem”, reflete a escritora.
A escritora diz que, por mais que perceba que as mulheres estão conseguindo se desvencilhar das regras de vestimenta impostas a elas, ao mesmo tempo há uma pressão para que peças “respeitosas” sejam escolhidas. “Eu nunca quis ser vista como a menina que não usa sutiã, mas aí percebi que quero, sim, ser essa pessoa. Por que? Porque eu quero lembrar às mulheres de que não é preciso usar um sutiã o tempo todo para ser respeitada ou ser vista como profissional. Aqui estou eu, mulheres, sem sutiã e correndo para uma reunião”, finaliza Mary.
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