Julianne Trevisol quer se priorizar na chegada dos 40 anos que, como a própria diz, não tem o mesmo peso como há décadas passadas. “Me sinto em um momento ótimo. O fato de as pessoas sempre acharem que eu era mais nova adiou a minha noção do tempo, mas uma hora a idade chega. O importante é lidar da melhor forma”, afirma ela, que também vê esse amadurecimento como insumo importante para sua bagagem artística.
Os últimos meses serviram para a atriz assentar incertezas e consolidar os desejos que pretende dar mais espaço em sua vida, isso inclui maternidade e carreira. Sem a pressa da juventude, mas com a preocupação do relógio biológico batendo, Julianne se deparou com a noção do tempo que havia mencionado e decidiu buscar o congelamento de óvulos quando ouviu de profissionais que os resultados dos seus exames não eram dos melhores. “Por mais que a gente não sinta, o corpo envelhece e produzimos menos óvulos”, explica a atriz. Mesmo assim, ela recorreu a outros médicos até conseguir dar início ao tratamento com uma equipe em que “não era tratada como mais um número de mulheres tentantes.”
A primeira tentativa foi tomada por um estado de felicidade e conforto para a atriz. “Com a estimulação dos hormônios para fazer a coleta dos óvulos, o corpo e a mente se transformam, mas estava curtindo pela chance de fazer o procedimento. Só que não deu certo e emendei em uma nova coleta, em que precisei dobrar a dose de hormônios”, lembra Julianne, que fez o procedimento nos meses de abril e maio e mergulhou em sentimentos intensos. “Estava totalmente fora de controle, sentia raiva e não me aguentava mais. Se falassem filho, tinha crise de choro”, lembra do episódio, que aconteceu em meio à sua preparação para o filme “Nosso Lar 2”.
Segundo a Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida (REDLARA), o Brasil lidera o ranking de reprodução assistida na América Latina com aproximadamente 40% dos procedimentos feitos no país. O congelamento de óvulos é uma das etapas da fertilização in vitro, que possibilita a gravidez tanto para casais como para pessoas que buscam a parentalidade solo.
Para Julianne, o congelamento abriu espaço para as suas escolhas, que inclui se tornar mãe dentro de um contexto familiar. “Nasci em uma família só de mulheres independentes. Porém não quero ser mãe solo. Acho legal expor isso para mulheres que pensam como eu saibam que é possível congelar e esperar para decidir. No meu caso, a possibilidade de ficar grávida não se apresentou nos relacionamentos que tive. Serei mãe quando e com quem eu escolher.”
Agora ela se vê até mais confortável e livre para entrar em um relação. “Ao mesmo tempo que não faz sentido eu começar algo com uma pessoa que não deseja ter filhos em momento algum da vida, também sinto uma leveza de não acharem que estou pressionando”, revela a atriz, que troca sobre o assunto com amigas e até com o público nas redes sociais. Para ela, a preservação da fertilidade precisa ser debatida e conhecida o quanto antes pelas mulheres que querem ser mães.
Para 2023, Julianne estará presente no cinema e no streaming. No filme “Nosso Lar 2”, previsto para ser lançado em agosto, a intérprete de Izabel revela que a história terá um protagonismo importante das narrativas femininas. Na continuação do longa baseado em um livro do médium Chico Xavier, mensageiros mostram que o fracasso é inerente à humanidade, recado que segundo a atriz irá tocar mesmo quem não é adepto ou acredita no espiritismo.
Com uma proposta completamente diferente, Julianne também gravou nos últimos meses a série Musa Música para o GloboPlay, ainda sem previsão de estreia, em que vive uma sereia. As gravações intensas foram feitas no mar e piscina de água salgada com direito a uma cauda de 23 quilos.
Em meio a essas produções, a atriz passou uma temporada na França, onde pensa em estabelecer um braço da sua carreira. “Estudo francês e, depois dessa experiência, fiquei com vontade de morar e trabalhar por lá. Minha meta é continuar meus cursos de gastronomia para me profissionalizar e, quem sabe, empreender nessa área”, aspira Julianne sobre sua identificação com a culinária.