Led SPFW N60 celebra o Carnaval e a força da moda brasileira com arte, emoção e crítica social
A marca Led transformou a passarela da SPFW N60 em um verdadeiro barracão de escola de samba. Em um cenário revestido por um tapete branco, com a imagem de Leci Brandão estampada no centro e Luciana Gimenez abrindo o desfile, a marca mineira apresentou uma coleção vibrante e profundamente conectada com a essência cultural do Brasil: o Carnaval.
Mais do que um espetáculo visual, o desfile da Led SPFW N60 foi uma celebração da arte popular, da manualidade e da resistência criativa brasileira. A apresentação trouxe para o centro da moda temas que atravessam o imaginário coletivo nacional — o trabalho artesanal, a alegria coletiva e a importância do lazer como expressão de liberdade.
O conceito da coleção Led SPFW N60: o Brasil em ritmo de Carnaval
O ponto de partida da coleção da Led na SPFW N60 foi o documentário Estou me guardando para quando o Carnaval chegar (2019), de Marcelo Gomes. A obra retrata o cotidiano dos moradores de Toritama, no sertão pernambucano — conhecida como a “capital do jeans” — e inspirou os estilistas Célio Dias e Cleu Oliver a refletirem sobre a relação entre trabalho, prazer e identidade cultural.
A coleção explora justamente esse contraste entre o cotidiano fabril e o esplendor da festa. O resultado foi uma moda que traduz a força criativa do povo brasileiro, transformando elementos do universo do trabalho em peças sofisticadas, cheias de energia e significado.
Entre os destaques da Led SPFW N60, aparecem os macacões de sarja e os conjuntos de denim decorados com charms de tesouras e fitas métricas — símbolos da labuta diária que ganha protagonismo poético na passarela.
Cores, símbolos e referências do Carnaval
A Led SPFW N60 trouxe um espetáculo de cores e formas que reinterpreta a estética carnavalesca com um olhar contemporâneo. O verde e rosa da Mangueira, escola símbolo de resistência e tradição, aparece em combinações exuberantes, dialogando com brilhos metálicos e detalhes de pedrarias.
Os costeiros e cabeças com contas metálicas, desenvolvidos em parceria com a designer mineira Sofia Penido, reforçam o caráter artesanal da marca. Já os vestidos volumosos, inspirados nas fantasias de Arlequim e Porta-Bandeira, evocam teatralidade e emoção, equilibrando leveza e impacto visual.
Ao mesmo tempo, a coleção não se limita à celebração: ela questiona o lugar da moda e da arte no país. Com ironia e crítica social, a Led coloca o Carnaval — muitas vezes tratado apenas como espetáculo — como símbolo de criatividade, resistência e identidade.
Do crochê ao denim: a Led em sua maturidade criativa
Com nove anos de trajetória na SPFW e 17 desfiles realizados, a Led alcançou um novo patamar criativo na N60. O crochê, técnica que deu origem à marca, ganha agora papel aspiracional e sofisticado.
A manualidade é reinterpretada em bodies franjados de algodão e seda, com transparências que deixam a pele à mostra, e em looks esculturais com bases estruturadas em arame, espuma e bambolê.
Além do apelo artístico, a marca também demonstrou sua força comercial. A coleção apresentou peças versáteis, com apelo urbano e identitário, como camisas bordadas com os nomes de Nelson Cavaquinho e Paulinho da Viola, estampas que remetem ao fuxico e frases de efeito como “Garoa”, “Sueño latino-americano”, “Piranhuda” e “Boca Livre”.
Essas referências consolidam o DNA da Led: moda com discurso, que valoriza o humor, a crítica e a autenticidade do povo brasileiro.
Materiais sustentáveis e inovação nos tecidos
Outro destaque da Led SPFW N60 foi a escolha de materiais naturais e sustentáveis. A marca incorporou cânhamo em vestidos longos e calças amplas, e linho em diversas gramaturas — desde versões mais rígidas, com textura semelhante à juta, até tecidos leves usados em saias balonê, shorts e bermudas.
Essa preocupação ambiental reforça o compromisso da Led com uma moda mais consciente, que une criatividade, responsabilidade e impacto social. O uso de fibras naturais e processos manuais fortalece a conexão entre tradição e futuro — valores cada vez mais essenciais na indústria da moda global.
Led SPFW N60: moda, festa e propósito
O desfile também refletiu um importante momento institucional da marca. No início de 2025, a Led foi escolhida para desenvolver as camisetas de um camarote patrocinado por uma grande cervejaria nos desfiles das escolas de samba de São Paulo. O sucesso da parceria levou à renovação do contrato para 2026, o que explica o retorno temático ao universo carnavalesco.
No entanto, a coleção da Led SPFW N60 não é apenas fruto de uma estratégia de marketing. Ela representa uma continuidade natural da narrativa da marca, que sempre esteve ligada ao fervo, à alegria e à liberdade.
O encerramento do desfile traduziu esse espírito: toda a equipe da marca surgiu vestindo camisetas com a frase “Não deixe a moda nacional morrer”, antes de seguir para fora da passarela ao som de uma bateria de escola de samba. Um gesto simbólico e poderoso que sintetiza o manifesto da Led: a moda brasileira precisa resistir, celebrar e ocupar seu espaço.
A força simbólica da Led SPFW N60
A Led SPFW N60 é um exemplo de como a moda pode ser ferramenta de reflexão cultural. Ao resgatar a energia do Carnaval, a marca não apenas celebra a estética da festa, mas também reafirma o valor da cultura popular e o trabalho invisível de milhares de artesãos e criadores.
Cada look é uma homenagem àqueles que constroem o Brasil real — o das costureiras, sambistas, operários e artistas que dão vida à maior festa do mundo. A Led traduz esse sentimento em roupas que contam histórias, unem tradição e modernidade e provocam o público a olhar para o país com mais sensibilidade.
Mais do que um desfile, a Led SPFW N60 foi uma declaração de amor ao Brasil e à sua gente. Um grito de resistência em forma de arte.
A Led e o futuro da moda nacional
Com o desfile Led SPFW N60, a marca mineira reafirma seu papel como uma das principais vozes da moda autoral brasileira. Ao misturar crítica social, emoção e estética carnavalesca, a Led constrói uma narrativa poderosa sobre identidade, pertencimento e renovação.
A coleção sintetiza o que há de melhor na nova geração de criadores nacionais: consciência, representatividade e liberdade criativa. No fim, o recado é claro — enquanto houver samba, arte e expressão, a moda brasileira seguirá viva e pulsante.


