Capa Vogue Brasil Agosto 2022. A partir da esquerda: Amanda Aucler, Ariane Aparecida, Santti, Fabio Mori e Eloize (Foto: Vogue Brasil)
Acredito piamente que as melhores histórias são construídas a muitas mãos. Embora eu não tenha trocado com Alessandro Michele, diretor criativo da Gucci, especificamente sobre esse tema, tenho quase toda a certeza de que ele concordaria comigo. Não à toa, apesar de ser craque em desenvolver seus próprios enredos, nos surpreende e cria desejos fortíssimos cada vez que se une a mais gente.
Aconteceu em 2020, quando colaborou com a The North Face; depois, em abril de 2021, ao “quebrar a internet” ao se juntar a Demna Gvasalia, diretor criativo da Balenciaga, para um hack tão disruptivo que marcaria a história da moda; e, no início deste ano, ao “brincar” com os códigos da casa italiana e os da gigante de sportswear, a Adidas. “O que definimos como uma colaboração é, na verdade, um encontro”, disse Michele à Vogue Runway, em junho passado. O resultado acaba de desembarcar no Brasil e é apresentado por um casting interessante e diverso – conheça o time em O poder do coletivo.
Não existe mais espaço para quem pensa (ou fala) apenas no próprio umbigo. Mesmo ao fazer moda. É o que temos acompanhado há alguns anos entre os estilistas brasileiros. Existe esforço, energia, beleza e esmero nas criações, mas o arroubo real está justamente no desassossego coletivo levado às passarelas e, consequentemente, às araras e ruas. Em O Brasil que queremos, apresentamos algumas das ideias provocadoras desfiladas no último SPFW, em junho.
As memórias da minha vida estão, neste exato momento em que escrevo esta página, sendo construídas alegremente em coletivo, numa viagem de carro pelo deserto americano. O roteiro, que era sonho individual antigo por aqui, ganhou mais significado no encontro de quem ansiava há tempos pelo mesmo itinerário e encontro. As mais belas histórias do meu ócio criativo estão sendo compostas com e em família.